21/10/2015

A Aldeia Fantasma do Colmeal

Aldeia do Colmeal
Esta freguesia situada a 15 KM para Sudoeste do concelho é uma povoação “fantasma” desde os anos 50. É formada pelos lugares de Colmeal, Bizarril, Milheiros e Luzelos. A povoação com o antigo nome de “Colmenar” foi doada por Fernando II, rei de Leão em 1183 aos monges da ordem militar de São Julião do Pereiro. A freguesia pertenceu ao concelho de Pinhel até 12 de Julho de 1895, quando passou a integrar o concelho de Figueira de Castelo Rodrigo.


A 8 de Julho de 1957, eram pouco mais das dez horas da manhã, um destacamento da Guarda Nacional Republicana (GNR) composto por 25 praças e 3 oficiais decididos e fortemente armados (os aldeões, pastores e camponeses inocentes não tinham armas) com metralhadoras e preparados para o pior cenário, irrompem pela aldeia e, em poucas horas, surpreende e expulsa as 14 famílias de cerca de 60 aldeões e camponeses pobres que ali viviam, descendentes de gerações e gerações de lavradores e pastores que desde sempre, desde tempos longínquos, tal como os seus ancestrais mais antigos, aí viveram, habitaram, trabalharam e morreram, naturalmente.
Nada impediu as autoridades de rebentarem com as portas das casas e levarem os poucos haveres desta gente simples que se refugiou na maioria nos montes e aldeias em redor. Os populares não aceitaram e a GNR viu-se obrigada a intervir para expulsar os resistentes no dia 10 de Julho de 1957. Segundo os populares houve casas queimadas e registaram-se mesmo alguns mortos entre os populares da localidade. Foi a primeira vez que tal sucedeu em Portugal, uma população ser expulsa colectivamente do de uma localidade inteira.

Durante os anos seguintes, a muito custo, os antigos habitantes do Colmeal foram refazendo a sua vida. Uns emigraram para o estrangeiro ou para as grandes cidades como Porto e Lisboa. Outros optaram por permanecer no concelho, nomeadamente noutros lugares da freguesia como Luzelos e Bizarril (onde hoje se encontra a Junta de Freguesia, a igreja paroquial e o novo cemitério).


Esta é também uma terra de pergaminhos fidalgos já que aqui terá vivido Pedro Álvares Cabral, o famoso descobridor do Brasil. O “solar” brasonado da família, não obstante a ruína, ainda é visível em lugar de destaque na aldeia.
Se é verdade, como já referimos, que inicialmente a posse do Colmeal pertenceu à Ordem Militar de Cavalaria de São Julião do Pereiro, sabe-se, igualmente, que séculos mais tarde o senhorio da povoação passou para as mãos da família dos Cabrais, da Casa de Belmonte. O avô materno de Pedro Álvares Cabral, Vasco Fernandes de Gouveia, possuía mesmo o título de Senhor do Colmeal e, durante gerações, a presença dos donatários e seus familiares seria constante no “solar” dos Cabrais existente na povoação. Não é, por isso, difícil de acreditar que o famoso navegante aqui também tenha residido. Não há, no entanto, qualquer prova quanto à possibilidade desta personalidade aqui ter nascido, como defende alguma da tradição oral na região. A historiografia oficial refere, de resto, que terá nascido em Belmonte entre 1460 e 1470. Curiosamente terá sido também por essa altura que é construída a igreja do Colmeal.

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