23/08/2015

O Orfeão de Matosinhos

Rua Brito Capelo, 234 1.º
 O Orfeão de Matosinhos (‘Orféon de Matozinhos’) foi fundado entre 21 de Janeiro de 1907 e 17 de Março de 1917 pelo jornal semanário ‘O Badalo’, depois de alguns elementos deste jornal terem ido assisitir à audição do Orfeão Académico de Coimbra (a ‘Sociedade Choral do Orpheon Académico’ criada a 29 de Outubro de 1880 com 60 coralistas do sexo masculino) no Porto em finais de 1916, princípios de 1917, e terem ficado tão entusiasmados e contagiados com a beleza do espetáculo que, ao regressarem a Matosinhos, pensaram na fundação de um Orfeão.
Em 21 de Janeiro de 1907, o jornal anunciou: ‘Por iniciativa do nosso jornal, vai organizar-se na nossa terra um orféon, que tomará o seu nome. Não se trata de uma iniciativa apertada, mesquinha, trata-se de um projecto grandioso e sublime’.
As reuniões da direção passaram a acontecer na redação de ‘O Badalo’, enquanto os ensaios dos orfeonistas ou coralistas, todos do sexo masculino, se realizavam num prédio da Rua da Igreja, atual Rua Dr. José Ventura, adiante da Fonte dos Dois Amigos, pelo qual era paga a renda mensal de 2$00, acrescida de 1$50 pelo aluguer do piano.
No dia 16 de Setembro de 1917, o Orfeão de Matosinhos atuou pela 1.ª vez em audição privada na Quinta da Conceição, em Leça da Palmeira.

Em 14 de Novembro de 1917, ocorreu a 1.ª audição pública no Teatro Constantino Nery, sob regência de Domingos da Silva Santos, tendo sido convidado para também atuar o ‘Grupo dos Modestos’ do Porto.
Em 15 de Junho de 1920, foi resolvido arrendar por 20$00 mensais a atual sede no edifício da Rua de Brito Capelo 234 1.º, onde estava então instalada a União dos Empregados do Comércio de Matosinhos-Leça, antigo Clube de Matosinhos, para quem esse edifício tinha sido construído.
Antes ou logo depois de 1920, após terem sido ultrapassados certos preconceitos sociais da época, o Coro do Orfeão de Matosinhos passou a ser Misto.
Pela sua direção artística, passaram figuras de relevo destacando-se Armando Leça, Domingos da Silva Santos, Raul Casimiro, David Oliveira e Manuel Seabra.

Texto de José Rodrigues

O Farol da Nossa Senhora da Luz

Farol da N.ª Sra. da Luz 
Joaquin Villanova, ilustração 1833

"Farol Senhora da Luz" por Frederick William Flowe, fotografia 1858

Já estava em funcionamento em 1761 o 1.º farol da costa portuguesa, após um Alvará assinado pelo Marquês de Pombal a 1 de Fevereiro de1758 ter mandando 'construir com urgência um farol nas proximidades do Porto'.
Era o farol de N.ª Sra. da Luz uma torre quadrangular paredes meias com a Ermida de N.ª Sra. da Luz que existiu desde pelo menos Agosto de 1680  até à sua demolição em 1835, por ter ficado bastante danificada durante o Cerco do Porto com os ataques das topas miguelistas a um Forte militar de defesa que estava junto a ela. Tinha no seu interior 3 altares, estando ao centro do maior deles a imagem da N.ª Sra. da Luz que se encontra atualmente na Igreja Matriz da Foz do Douro e cujos festejos ocorriam então anualmente a 8 de setembro (no altar da direita, a imagem de Santa Ana e no da esquerda, a de Frei Pedro Gonçalves que era festejado por devotos navegantes na segunda-feira de Pascoela).
Em 1814, foi destruído por um raio, mas foi recuperado e sucessivamente modernizado.
Em 1865, o antigo aparelho com candeeiros de Argand e refletores parabólicos que existia no topo da torre quadrangular foi substituído por uma ótica de Fresnel de 4.ª ordem.
Desde 18 de Dezembro de 1913, após novas obras de modernização, uma lanterna verde disparava relâmpagos brancos a cada 5 segundos com um alcance de 38 milhas e que foi desativada em 1929. por troca com o farol do molhe de Felgueiras. 
Depois, esteve aí instalado o posto semafórico de serviço aos portos do Douro e de Leixões.
Texto de José Rodrigues
 
Litografia do século XIX - autor desconhecido (domínio público)
  

19/08/2015

Casa da Campanuda

in https://www.facebook.com/groups/110882115750879/
Imagens Antigas do Concelho de Matosinhos

Feira dos Moços

A Feira dos Moços traduz-se numa alegre demonstração da cultura popular e tradicional. Esta feira tem como origem uma tradição herdada do século XIX. Diz a história que após a época da escravatura começaram a existir relações de trabalho entre patrões e empregados. Era habitual os homens sentarem-se à porta dos patrões à espera de trabalho ou esperarem nos largos e praças para que os patrões contratassem a sua força de trabalho. 
As feiras sempre constituíram um meio de abastecimento para as necessidades das populações. Segundo se sabe, em Custóias existiam diversas feiras, sendo que uma era a chamada feira dos moços de lavoura. A feira dos moços era realizada duas vezes por ano: em Abril, para contratar os moços para a época de verão, e em Novembro, para contratar moços de lavoura para o Inverno. Do que se sabe, no século XIX, em 1842, a feira dos moços foi transferida para o Largo do Souto (anteriormente era realizada no Padrão da Légua).
Nesta feira era habitual a presença de moços das regiões do Douro e Minho, que nesse tempo eram locais de pobreza, que procuravam uma vida melhor. Vinham de trouxa às costas, alguns com instrumentos musicais, para procurar trabalho na região. Reza também a história da feira dos moços que após chegarem a acordo, patrão e empregado dirigiam-se à taberna mais próxima de modo a selarem o acordo com o pagamento da "cabrita", que consistia em bacalhau frito (ou isca de bacalhau).



in 

18/08/2015

Jogos na Pedra

Igreja Menino Deus - Lisboa

 Já ouviu falar em jogos de há centenas de anos, gravados em pedra na nossa cidade? Provavelmente já vimos estas gravações e passaram-nos despercebidas. Foram extremamente populares na Lisboa de outrora, quando se utilizavam estas bases para jogar no espaço público. Sobrevivem ainda 29 tabuleiros de jogo, gravados sobre pedra na zona de Lisboa, localizados nas zonas mais antigas.
Aqui vos mostramos um dos tabuleiros para jogar alquerque, que se encontra na escadaria de acesso à Igreja Menino Deus, gravado em época posterior a 1711 ( data em foi construída a Igreja). O jogo de alquerque ou jogo do moinho, teve origem no Oriente e tornou-se muito popular em Portugal na Idade Média. Trata-se de um jogo de estratégia a ser jogado por duas pessoas.


Lídia Fernandes, in "Tabuleiros de jogo inscritos na pedra : um roteiro lúdico português" Lisboa ,Apenas Livros, 2013

 

Carvalho Santo

 Carvalho Santo
Lugar do Araújo, Leça do Balio

Situada no lugar de Araújo, a capela de S. Pedro é apelidada pelo povo como o Lugar do Carvalho Santo, pois foi perto desta capela que se deu o fenómeno de, após um severo temporal em 1895 e depois de muitos dias de chuva, um carvalho situado num campo sobranceiro a outro em terreno argiloso, se ter deslocado intacto para o campo inferior e assim se ter conservado. O povo ficou de tal forma impressionado com o mistério deste fenómeno que, daí em diante, passou a deslocar-se, em massa, a uma pequena presa de água, que se encontrava junto àquela árvore, em busca de água para lavar olhos, pés, pernas e feridas. Durante três domingos consecutivos, a concorrência de romeiros e de carruagens do Porto excedeu tudo o que se possa imaginar em romarias de maior nomeada.

Do tronco do carvalho santo, o escultor bracarense Celestino de Queirós esculpiu uma imagem de Nossa Senhora dos Remédios que, actualmente, está exposta ao culto na capela de S. Pedro, num dos altares laterais. Por vezes, depois da designação da Virgem (Senhora dos Remédios), acrescenta-se de Carvalho Santo. 

José Mendonça ,in Lendas do leito do rio Leça.

15/08/2015

Nossa Senhora da Boa Morte

                                        Barca de Nossa Senhora da Boa Morte , 1750‑1777
Trabalho português em talha dourada, estofada e pintada, proveniente do Convento de São João Evangelista, Aveiro


Esta barca processional servia para o culto privado, no claustro, do convento carmelita feminino de Aveiro, cuja regra de clausura impedia a participação das religiosas em procissões no exterior. Na proa da barca, o escudo da Ordem Carmelita, seguro por um anjo, indica a sua origem.
Esta invocação de Nossa Senhora está associada à devoção cristã, pedindo uma morte tranquila. Assim, a barca suportava a imagem de vestir de Nossa Senhora da Boa Morte, da qual hoje restam apenas os sapatos.
Sendo toda em madeira entalhada dourada, o painel que fecha a barca tem uma decoração policromada e estofada, de motivos florais, em azul e vermelho sobre fundo acinzentado, característica do séc. XVIII. Da mesma época, mas já prenúncio do rococó, são alguns elementos decorativos, como os anjos seminus colocados à ré, servindo de remate, os concheados e a decoração de folhas de acanto visível nos pés da barca. 
Museu de Aveiro