04/02/2017

O Padre Grilo


Padre Grilo - 1920


O Padre Manuel Francisco Grilo nasceu a 14 de Maio de 1888, em Ílhavo.
Filho de mãe padeira e pai pescador que andava na pesca do bacalhau, cedo conheceu as dificuldades da vida. 
Estudou no Seminário de Coimbra, diocese onde foi ordenado sacerdote em 1910, com 22 anos. 
Pelas suas ideias inovadoras a vários níveis, que costumava aplicar na ajuda aos mais desfavorecidos, incompatibilizou-se com o poder instituído, o que o levou a ser julgado, condenado e expulso do Distrito de Aveiro, em 1913. Foi então viver para Leça da Palmeira, junto de familiares.
A vontade de saber levou-o a concluir o curso de engenheiro agrónomo e o do Conservatório de Música, mostrando também grande vocação para a pintura.
Como padre, desde logo decidiu combater, com todas as suas forças, a miséria moral e física que existia na terra em que vivia. E
m 1928 fundou a Conferência de S. Vicente de Paulo, e a Sopa dos Pobres, que chegou a alimentar e a vestir mais de 600 pessoas da classe piscatória.
 
Capela da Obra do Padre Grilo, Matosinhos
No início da década de 40 funda a Obra Regeneradora dos Rapazes da Rua e o seu edifício definitivo é inaugurado a 28 Julho de 1963, com o nome de Obra do Padre Grilo, em Matosinhos.
Faleceu com 79 anos a 1 de Novembro de 1967, em Matosinhos, onde se encontram os seus restos mortais.

Como curiosidade acrescente-se que  um seu irmão , o piloto João Grilo, comandava o destino do vapor "Foz do Douro" quando foi afundado por um submarino alemão na 1.ª Grande Guerra.

Padre Grilo e o Mártir Pequenino - Aguarela de Nelson Canastra, 2016


03/02/2017

Infância Desvalida



A Tutoria Central da Infância de Lisboa

As leis e instituições de proteção de menores.


Em Maio de 1911 foi promulgada a Lei de Protecção à Infância.

"Entravam rôtos nos calabouços - rôtos, sujos e esfomeados. Entregues à vadiagem, sem domicílio, sem os cuidados de família que impõem a hygiene da alma e do côrpo, dormindo nas escadas ou nos predios em construcção, mendigando nas horas em que o furto não produzia o necessario ao alimento - para que a mendicidade produzisse, cultivavam a immundicia e o trapo. Mas se os calabouços os recebiam rôtos e sujos, entregavam-nos à rua, ou transferiam-nos para a cadeia n’um estado de miseria confrangedora. Esfrangalhados, cobertos de vermes.”
(Pedro Augusto Moreira de Castro, Juiz Presidente da Tutoria Central da Infância de Lisboa - 1912)












Mencionado por João Nunes da Costa

1927 - A Revolta no Porto


3 de fevereiro de 1927 - quando se abriram trincheiras na cidade do Porto

Há exatamente 90 anos eclodiu no Porto a primeira revolta contra o governo da Ditadura Militar de Òscar Carmona que tinha tomado conta do país na sequência do golpe de 28 de Maio 1926. Nela participaram diversas forças políticas e militares republicanas, a que se uniram numerosos civis, nomeadamente comunistas (do recém-criado PCP) e anarco-sindicalistas da CGT. O plano era que após o levantamento militar do Porto, a revolta deveria alastrar a Lisboa, onde as unidades militares aderentes, apoiadas pelos civis mobilizados pelas organizações operárias e democráticas O comité revolucionário do Norte era liderado pelo General Sousa Dias e era ainda constituído por Capitão Sarmento Pimentel, Jaime Cortesão, Comandante Jaime de Morais, José Domingues dos Santos e Raúl Proença.
A revolução iniciou-se no dia 3, com a saída do Regimento de Caçadores 9, a que se juntaram diversos outros regimentos da região Norte. Os revoltosos dirigiram-se para a Praça da Batalha e aí ocuparam os principais edifícios governamentais. O Porto é cercado pelas tropas do governo e sujeito a bombardeamentos de artilharia pesada, enquanto que os revoltosos resistem durante 4 dias. Finalmente no dia 7, já sem munições, os revoltosos são forçados a render-se. O balanço final da tentativa revolucionária no Porto é de cerca de 100 mortos, 500 feridos e várias centenas de presos, para além da destruição de numerosos edifícios.

 
3 de fevereiro de 1927 - quando se abriram trincheiras na cidade do Porto

No dia 5 desencadeia-se a revolução em Lisboa, com a ocupação de vários pontos estratégicos e a adesão de muitos populares, principalmente dos operários do Arsenal da Marinha. No dia 9 Lisboa é sujeita a diversos ataques das tropas do governo empregando metralhadoras, artilharia e mesmo bombardeamentos aéreos dos revoltosos. Esgotadas as munições os revoltosos são finalmente obrigados a render-se. Após a rendição diversos marinheiros e civis terão sido fuzilados sumariamente junto ao chafariz do Largo do Rato.
A Ditadura Militar saindo vitoriosa sobre os revoltosos vai então retaliar com uma repressão brutal sobre todo o tipo de oposição. Sucedem-se as prisões e deportações, a demissão de funcionários hostis ao regime militar e a ilegalização de todas as associações políticas e sindicais, nomeadamente o PCP e a CGT, É também criada no Porto uma “Polícia de Informações” de carácter político que será a antecessora da PVDE e da PIDE.