29/11/2014

Transporte de Passageiros - Faro

Transportes Rodoviários Santos, em Faro
O autocarro na foto não é na realidade o primeiro autocarro que fez o serviço Faro – São Braz, mas sim o segundo. Manuel Gonçalves dos Santos ( ou António Evaristo dos Santos), mais conhecido como o “Santos”, era natural de Albufeira, tendo iniciado a sua actividade na sua terra, fazendo o transporte entre a estação de Ferreiras (estação de comboio de Albufeira) e a Vila de Albufeira. Tendo desistido dessa concessão e vindo para Faro, com um velhinho autocarro GMC (do grupo General Motors) fazer o transporte entre Faro e São Brás. A “gare do Santos” ficava no largo de São Pedro, junto da casa da água, no actual Jardim Catarina Eufémia, sendo a bilheteira e terminal de carga no edifício onde até há pouco tempo existia uma papelaria.

26/11/2014

Da Província do Algarve - 1712 - Olhão


O Olhão fica huma legoa da Cidade de Faro, situado na barra, tem trezentos vizinhos, que morão em casas de cana cobertas de palha, por não lhas consentirem de pedra e call;he gente rica que vive da pesca. Erão antigamente seus moradores freguezes da Igreja de S.Sebastião de Quelfez; o Bispo D.Simão da Gama lhes fundou uma Parochia da invocação de N. Senhora do Rosário.

Da Província do Algarve - 1712


COSTA, António Carvalho da, 1650-1715

Corografia portugueza e descripçam topografica do famoso Reyno de Portugal, com as noticias das fundações das cidades, villas, & lugares, que contem; varões illustres, gealogias das familias nobres, fundações de conventos, catalogos dos Bispos, antiguidades, maravilhas da natureza, edificios, & outras curiosas observaçoens.

18/11/2014

O Algarve no Século XVII


Em 1617, no mês de Maio, Alessandro Massai, engenheiro de Sua Majestade, foi incumbido de fazer diligências acerca das obras e fortalezas do reino do Algarve e da calheta de Sines, de que resultaram descrições com notícias sobre a história e a geografia dos lugares, sobre o estado das fortificações (as obras realizadas e as que deviam ser feitas), sobre as guarnições e a artilharia existentes, os tipos de navios que vinham aos portos, a navegabilidade dos rios, as armações, as fontes ou as pessoas que forneceram informações, entre outros assuntos, bem como plantas ou traças com suas legendas ou declarações. 

Nota do conteúdo da obra  "Descrição e plantas da costa, dos castelos e fortalezas, desde o reino do Algarve até Cascais, da ilha Terceira, da praça de Mazagão, da ilha de Santa Helena, da fortaleza da Ponta do Palmar na entrada do rio de Goa, da cidade de Argel e de Larache" de Luís de Figueiredo e depositada na Torre do Tombo.

Os Pelourinhos



O Caminho de Ferro no Algarve


Trinta e três anos depois da inauguração do primeiro troço de caminho de ferro em Portugal (de Lisboa ao Carregado) e 25 após a chegada a Beja, os silvos da locomotiva ouviam-se enfim no Algarve.
Apesar de a primeira viagem direta entre Barreiro e Faro ter ocorrido a 21 de fevereiro de 1889, seriam necessários mais quatro meses para a abertura efetiva da linha. Isso aconteceu a 1 de Julho de 1889.

Embora a decisão tivesse sido tomada nas sessões parlamentares de 25 e 26 de junho de 1862, e a abertura à exploração tivesse sido fixada, poucos anos depois, para 1 janeiro de 1869, a construção de tão desejado melhoramento dilatar-se-ia no tempo.
Se é verdade que todo o trabalho era braçal (só nas imediações de S. Bartolomeu de Messines trabalhavam, em fevereiro de 1876, cerca de 600 pessoas), sem recurso a maquinaria (tão-somente a pólvora, picaretas, pás, alcofas, etc.), e que era necessário escavar outeiros e construir aterros, já para não falar nas obras de arte ou nos edifícios para as estações ou passagens de nível, não é menos verdade que esta linha raras vezes foi considerada prioritária no contexto nacional.
As paralisações frequentes, aliadas às diferentes secções em que decorriam as obras, provocavam quase sempre situações caricatas. O lanço entre Faro e Boliqueime foi dos primeiros a ficar concluído, mas seriam necessários muitos anos até que, por ele, circulasse alguma composição.
No entanto, em 1875, um terrível acontecimento veio dar um incremento aos trabalhos: a seca. As Câmaras Municipais da região, face ao flagelo da fome que afetava os algarvios, pressionaram o governo para a abertura das obras, não só na ferrovia, como nas estradas.
De tal forma que os lanços da linha entre a Portela dos Termos e as Silveiras (São Marcos da Serra), e entre este ponto e Boliqueime, tinham o leito praticamente concluído em dezembro de 1876. Em contrapartida, entre Casével (Castro Verde) e a Portela dos Termos, muito havia a fazer. Em 1878, nova seca se faz sentir na região e as obras sofrem novo impulso.
A 3 de junho de 1888 abria à exploração o troço de Casével a Amoreiras/Odemira.
Oito meses depois, realizava-se a primeira viagem técnica entre o Barreiro e Faro. Só faltava agora a inauguração. Mas se a construção da via teve, como vimos, parto difícil, uma outra contrariedade esperava os algarvios – o desprezo.
Entre o fim de fevereiro e junho de 1889, vários periódicos lisboetas noticiaram amiúde a presença de individualidades na inauguração do caminho de ferro do Algarve, fosse a família real, que sempre participara nestes momentos, ou membros do governo.
Porém, agendado o dia festivo, 1 de julho, uma segunda-feira, todos declinaram o convite, e uma frase ficou célebre: “Nem Majestades, nem Altezas, nem ministros”.
Para alguns círculos representativos do Algarve, a sua ausência foi considerada como “a maior humilhação que os altos poderes do Estado podiam ter infligido aos brios de um povo que se regia por instituições constitucionais”.
Mas os algarvios não desanimaram e organizaram durante três dias uma manifestação de regozijo, celebrando em Faro o início da exploração do seu caminho de ferro.

09/11/2014

Albufeira e o Terramoto de 1755

Albufeira foi das cidades algarvias a mais castigada por cataclismos naturais. Mas foi o terramoto de 1755, e o maremoto que se seguiu, que causou os maiores estragos. 
O mar invadiu a vila com ondas que atingiram 10 metros de altura, destruindo quase todos os edifícios, tendo apenas ficado de pé 27 habitações e estas muito arruinadas. 
Uma das fontes históricas que relata o acontecido é a Memória Paroquial que refere a destruição das Igrejas da Misericórdia e de São Sebastião bem como do castelo.
A Igreja Matriz, antiga mesquita árabe adaptada ao culto cristão, onde a população se refugiara, pedindo misericórdia, desabou causando 227 vítimas. Depois deste terramoto, continuou todo o Algarve a sofrer abalos violentos até 20 de Agosto do ano seguinte o que não impediu que se iniciassem de imediato as obras de reconstrução por ordem do Bispo D. Francisco Gomes de Avelar.

S. Brás de Alportel - De Freguesia a Município

A história contemporânea de São Brás de Alportel tem origem em 1912, quando o deputado Machado Santos apresentou ao Congresso um projeto de Lei para a criação do concelho de Alportel, que era então a freguesia rural mais populosa do concelho de Faro (ao qual viria a ser subtraída) e mesmo de todo o País, quer em área, quer em população (na altura rondava os 12.500 habitantes). Machado Santos, que era grande amigo do sambrasense João Rosa Beatriz, empenhou nessa tarefa grandes esforços até que alcançou a concretização dos seus desejos.
Em 1 de Junho de 1914 é publicada no Diário do Governo a elevação a Município da freguesia de São Brás com a denominação de concelho de Alportel com sede na Aldeia de São Brás, donde a designação de São Brás de Alportel. O primeiro administrador do novo concelho foi o alportense João Rosa Beatriz, que mais tarde foi Cônsul em Marrocos.

 

06/11/2014

Albufeira - O ataque do Remexido

Portugal atravessava um dos períodos mais negros da sua história: a guerra civil fratricida, que opôs os irmãos D. Pedro e D. Miguel, ou seja liberais e absolutistas.
Desde sempre afeta à causa liberal, Albufeira foi a primeira povoação algarvia a aclamar a Constituição vintista, e quando em 1828 a generalidade do Algarve aceitava o governo de D. Miguel, Albufeira levantava nova proclamação a favor do liberalismo. Não admira, pois, o ódio de estimação que as tropas miguelistas nutriam pelos habitantes da vila.
Se a 24 de julho de 1833 os liberais eram recebidos triunfalmente na capital do país, após uma travessia fácil do Algarve e do Alentejo, Albufeira vivia por esses dias, em contra-ciclo, um clima de terror, que a levaria dois dias depois à capitulação e consequente aclamação do rei absoluto D. Miguel.
Tudo se passou nos dias 24, 25 e 26 de julho. Para restaurar o poder de D. Miguel, Remexido e os seus guerrilheiros investem sobre Albufeira, que aclamara, mais uma vez, apenas D. Pedro, aquando da passagem dos liberais em direção a Lisboa.
A 19 de julho, Remexido e os seus homens atacam São Bartolomeu de Messines, assassinando habitantes e soldados e simultaneamente anunciando que iriam avançar sobre Albufeira, para aniquilar todos os seus moradores.
A notícia do infausto acontecimento chegou à então vila na manhã do dia seguinte e logo os albufeirenses, perplexos, organizaram um batalhão de voluntários.
Na madrugada de 22 de julho, são identificados na periferia da vila alguns guerrilheiros, sendo os piquetes de vigilância reforçados.
 O toque a rebate soou no dia 23, pelas 8 horas da manhã, e toda a defesa se concentrou no interior das velhas muralhas do castelo.

Silves e o Levantamento de 1917

Portugal vivia, em setembro de 1917, momentos dramáticos, tanto a nível social, como político e económico. Na realidade, esses momentos estendiam-se a toda a Europa, ou não decorresse no velho continente a I Grande Guerra.
Se, por si só, o conflito justificava as difíceis condições de vida da maioria dos portugueses, um outro fator veio agravá-las ainda mais – as condições climatéricas.
Para um país pobre, rural e quase totalmente dependente da agricultura, os maus anos agrícolas ocorridos entre 1912 e 1918, ora com grandes pluviosidades, ora com secas, como a de 1917, vieram tornar a situação social explosiva.
Se a agitação civil, consequente do aumento do custo de vida, se fez sentir logo em setembro de 1914, com tumultos um pouco por todo o país, ela iria intensificar-se nos anos seguintes, tornando-se trágica em 1917. Greves, assaltos a padarias, hortaliças (Revolução da Batata), celeiros, etc., tornaram-se comuns e normais por todo o país, face à fome e à miséria que grassava por entre as populações, em suma, a Crise das Subsistências, como ficaria conhecida.
O Algarve não era alheio a esta terrível realidade e a alteração da ordem pública foi transversal a toda a região. Em Silves, um dos momentos mais desesperantes daqueles anos críticos ocorreu no dia 26 de setembro de 1917.

05/11/2014

Primeira Pedra

Todas as localidades têm os seus momentos de glória ou de tragédia que ditam o seu destino e dimensionam a sua inscrição nas páginas maiores da História. Bastas vezes a poeira do esquecimento cola essas páginas e as gerações seguintes perdem a ligação com o passado da sua terra de origem. Importa, pois, resgatar da memória esses acontecimentos e transformá-los em referenciais de identidades próprias. É isso que humildemente me proponho fazer.
O Algarve é rico nesses momentos de História Local e Regional. Aquilo que eu for encontrando vou fixar neste espaço. Sempre que possível, não faltarão as fontes.

A sublevação olhanense de 16 de Junho de 1808 contra os invasores franceses