29/01/2016

Um Bravo do Mindelo

Um dos “bravos do Mindelo” era de Seia e tem o seu nome perpetuado numa praia do concelho de Matosinhos.
Quem vá pela costa desde a foz do rio Leça para norte, até à foz do rio Ave (ou, melhor explicado, desde o porto de Leixões, até às portas de Vila do Conde), encontra bons areais pontuando a costa rochosa, com fundos por vezes abruptos. Uma delas é a Praia da Memória, dominada pelo obelisco que evoca o desembarque das tropas liberais de D. Pedro IV em 1832, há precisamente 180 anos.
Todos estarão recordados da história: após abdicar da coroa portuguesa em favor da filha, Maria da Glória (D. Maria II), e da coroa do Brasil em favor do seu filho Pedro de Alcântara (D. Pedro II), o primeiro imperador do Brasil regressou a Portugal para liderar as forças que se opunham ao seu irmão Miguel, que usurpara a coroa da sobrinha, D. Maria II. O desembarque do exército de 7.500 homens, 80% dos quais eram mercenários estrangeiros, estava previsto para a Praia do Mindelo, Vila do Conde, mas um marinheiro natural da Lavra deu conhecimento de uma praia de águas profundas bem mais perto do Porto, em Arnosa de Pampelido, conhecida como “Praia dos Ladrões”. Ainda hoje as tropas do exército libertador são erradamente designados por “bravos do Mindelo”.
O obelisco da Memória dá a ler quatro textos. Um deles, contém a exortação de D. Pedro IV às tropas, no qual se lê a frase célebre “Soldados! Aquelas praias são as do malfadado Portugal”. Outro, refere a constituição do “exército libertador” e, a meio do texto (11ª linha), ficamos a saber que o Batalhão de Voluntários da Rainha era comandado por um senense ilustre, Luís Pinto de Mendonça Arrais, da Casa das Obras – o solar onde se encontra instalada a Câmara Municipal de Seia.
Partidário dos direitos da rainha, o então tenente-coronel Mendonça Arrais juntou-se às tropas de D. Pedro IV em Plymouth. Curiosamente, o exército liberal entrou no Porto a 9 de julho, no dia em que Mendonça Arrais fazia 45 anos (n. em Seia a 9 de Julho de 1787). Seguiu-se o terrível cerco do Porto, mais de um ano de lutas e privações, 7.500 soldados liberais sitiados por 80.000 miguelistas. No dia 25 de julho de 1933, o próprio D. Miguel assistiu à derrota do seu exército desde o alto do Monte de S. Gens, na Senhora da Hora. Abdicaria do trono no ano seguinte, pressionado pelo Tratado de Londres e após mais uma derrota, na Asseiceira.
A coragem e determinação de Mendonça Arrais em diversos momentos da guerra civil foram reconhecidas e recompensadas por D. Maria II com a Ordem da Torre e Espada, o posto de tenente-general e o título de barão de Valongo, em 1835, tornando-se o 1º Visconde de Valongo em 1842. Foi ainda Governador Civil de Coimbra e do Porto e fez parte do Supremo Tribunal de Justiça Militar entre 1848 e 1858. Cavaleiro fidalgo da Casa Real e cavaleiro da Ordem de Cristo, é lembrado igualmente pela proteção concedida ao artista senense Lucas Marrão, filho do seu caseiro.
Eis como o nome de um senense ilustre ressurge das areias de uma praia do norte de Portugal e os seus títulos evocam uma cidade, Valongo, onde não é recordado.
Sérgio Reis
Citado por Manuel Rios

Vista da Praia de Arnosa de Pampelido, onde desembarcou o Senhor D. Pedro à frente do exército libertador

Tradição na Praia da Memória:

E consta-se aqui que o Rei pernoitou numa casa mais acima e ainda hoje é conhecida pela casa do Rei..... e depois foram pelas bouças até Pedras Rubras onde foram almoçar a uma casa de petiscos, então o dono da casa viu os soldados entrar e foi servir a refeição perguntou o que queriam comer. UM dos soldados perguntou o que havia pronto o dono da casa disse fanecas frescas fritas.... o soldado disse venha esse peixe..... comeram e gostaram...... quando foi para pagar o soldado disse.... estava bom MAS acrescente mais um F ao peixe fiadas e foram pro acampamento perto dali..... e formaram as tropas para seguirem para o Porto...... então o soldado que tinha falado era o primeiro.....era o Rei D. Pedro IV foi então que o dono da casa o reconheceu.....e assim ainda hoje se conhece o peixe dos 4 F .....faneca, fresca, frita fiada...... não pagou. Ainda existe uma casa em Pedras Rubras com a descrição onde viveu o tenente José da Silva conhecedor da praia dos ladrões!!!!!! É o que se falar por aqui! descrito por Emília Silva

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