Entre os dias 17 e 25 de Dezembro de 1909, as populações da cidade do Porto e de Gaia assistiram, impotentes, à destruição das suas zonas ribeirinhas, por ação da cheia do rio Douro.
Ruas e edifícios nas zonas ribeirinhas do Porto e de Gaia foram inundados e a fúria das águas provocou a destruição total ou parcial de inúmeras habitações. Cerca de 40 embarcações de médio e grande porte e mais de 700 pequenas embarcações de trafego fluvial foram arrastadas e destruídas (total ou parcialmente).
O caudal máximo atingido na Régua (a montante) foi de 16 700 m3/s, tendo o nível das águas estado a 80 centímetros do tabuleiro inferior da ponte Luiz I.
A imprensa noticiava que: "Para
se avaliar do que foi o volume dos estragos, causados pela a violência
da corrente registada no rio, por essa altura, bastará referir que entre
vapores de carga, chalupas, iates, patachos, barcos de pesca e de
recreio, afundaram-se ou saíram barra fora, desgovernados, por efeitos da enchente, nada mais nada menos do que quarenta embarcações e mais treze rebocadores. Morreram
oito pessoas, entre as quais figuravam três barqueiros e cinco
tripulantes, incluindo o capitão, de um navio alemão que se afundou."
(Fonte: JN)
O vapor "Sachsen" naufragado na sequência das cheias do Douro de 1909. |
O Vapor
de pesca Alemão SACHSEN, 42m, veio rio abaixo na cheia do Douro de
12/1909, depois da sua companha se ter posto a salvo em terra, foi
encalhar numas pedras junto do Cabedelo da barra, tendo sido considerado
perda total constructiva, contudo a Empresa
Portuense de Pescarias comprou-o como salvados em 1910 e reconstruí-o,
passando a denominar-se AZEVEDO GOMES, e voltou à pesca da costa e do
Cabo Branco. Nos anos 30 foi comprado pela Sociedade de Pescarias
Arrábida, de Lisboa, que preservou o nome, e continuou a fainar até aos
anos 50, altura em que foi abatido para sucata.O
SACHSEN descarregava as suas capturas de peixe para lanchas no cais
Júlio de Carvalho, na margem esquerda, diante do cais do Marégrafo, e o
peixe era vendido nas linguetas da Cantareira. (informação de Rui Picarote Amaro)
A chuva continuava a cair com intensidade, sem
parar. A maré subia e invadia com suas
águas os estabelecimentos comerciais
e habitações das zonas ribeirinhas
do Porto e de Gaia. [...]
Na
manhã do dia 22, o mercado ribeirinho
da Gaia «fugira» para a Rua Direita.
No Porto, a Praça da Ribeira estava meia
encoberta de água.[...]
Ao fim do dia,
no Porto, a Praça da Ribeira, estava
submersa. Na noite desse sinistro dia
22 de Dezembro, o céu estava negro, o vento sul soprava demolidor, as águas corriam fortes e barrentas. |
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A
medição da velocidade do caudal
registava as 11 milhas horárias, entretanto
um
novo telegrama chegava da Régua, o qual dizia que as águas continuavam a subir, sem parar. Era a catástrofe. Às primeiras horas do dia 23, o rio galgava o Muro dos Bacalhoeiros, no Porto. O pânico estava instalado entre os moradores das duas margens do Douro. A força das águas arrastou tudo, a Foz parecia um cemitério de restos de embarcações. Ao meio-dia, com a preia-mar, o nível do rio estava a cerca de 80 centímetros do tabuleiro inferior da ponte Luís I. É programada a demolição deste com explosivos. Está batido em um metro o recorde das cheias de 1860. (in Casos de Estudo- As Cheias do Douro em 1909) |
Arcos de Miragaia |
A Ribeira e o caudal do Rio Douro |
A Avenida Diogo Leite - Vila Nova de Gaia |
Destroços da cheia de dezembro de 1909 na praia do Carneiro (ou do Castelo, ou de Felgueiras), na Foz do Douro. |
Fotografias da
Edição
da "Tabacaria Cubana", sobre as cheias de 1909.
Conhecem-se desta série
específica,
21 postais numerados (1 ao 21), mais 1 sem numero
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