Aldeia do Colmeal |
Esta freguesia situada a 15 KM para Sudoeste do concelho é uma
povoação “fantasma” desde os anos 50. É formada pelos lugares de
Colmeal, Bizarril, Milheiros e Luzelos. A povoação com o antigo nome de
“Colmenar” foi doada por Fernando II, rei de Leão em 1183 aos monges da
ordem militar de São Julião do Pereiro. A freguesia pertenceu ao
concelho de Pinhel até 12 de Julho de 1895, quando passou a integrar o concelho de Figueira de Castelo Rodrigo.
A 8 de Julho de 1957, eram pouco mais das dez horas da manhã, um
destacamento da Guarda Nacional Republicana (GNR) composto por 25 praças
e 3 oficiais decididos e fortemente armados (os aldeões, pastores e
camponeses inocentes não tinham armas) com metralhadoras e preparados
para o pior cenário, irrompem pela aldeia e, em poucas horas, surpreende
e expulsa as 14 famílias de cerca de 60 aldeões e camponeses pobres que
ali viviam, descendentes de gerações e gerações de lavradores e
pastores que desde sempre, desde tempos longínquos, tal
como os seus ancestrais mais antigos, aí viveram, habitaram, trabalharam
e morreram, naturalmente.
Nada impediu as autoridades de rebentarem com as portas das casas e
levarem os poucos haveres desta gente simples que se refugiou na maioria
nos montes e aldeias em redor. Os populares não aceitaram e a GNR
viu-se obrigada a intervir para expulsar os resistentes no dia 10 de
Julho de 1957. Segundo os populares houve casas queimadas e
registaram-se mesmo alguns mortos entre os populares da localidade. Foi a
primeira vez que tal sucedeu em Portugal, uma população ser expulsa
colectivamente do de uma localidade inteira.
Durante os anos seguintes, a
muito custo, os antigos habitantes do Colmeal foram refazendo a sua vida. Uns
emigraram para o estrangeiro ou para as grandes cidades como Porto e Lisboa.
Outros optaram por permanecer no concelho, nomeadamente noutros lugares da
freguesia como Luzelos e Bizarril (onde hoje se encontra a Junta de Freguesia,
a igreja paroquial e o novo cemitério).
Esta é também uma terra de
pergaminhos fidalgos já que aqui terá vivido Pedro Álvares Cabral, o famoso
descobridor do Brasil. O “solar” brasonado da família, não obstante a ruína,
ainda é visível em lugar de destaque na aldeia.
Se é verdade, como já referimos,
que inicialmente a posse do Colmeal pertenceu à Ordem Militar de Cavalaria de
São Julião do Pereiro, sabe-se, igualmente, que séculos mais tarde o senhorio
da povoação passou para as mãos da família dos Cabrais, da Casa de Belmonte. O
avô materno de Pedro Álvares Cabral, Vasco Fernandes de Gouveia, possuía mesmo
o título de Senhor do Colmeal e, durante gerações, a presença dos donatários e
seus familiares seria constante no “solar” dos Cabrais existente na povoação.
Não é, por isso, difícil de acreditar que o famoso navegante aqui também tenha
residido. Não há, no entanto, qualquer prova quanto à possibilidade desta
personalidade aqui ter nascido, como defende alguma da tradição oral na região.
A historiografia oficial refere, de resto, que terá nascido em Belmonte entre
1460 e 1470. Curiosamente terá sido também por essa altura que é construída a
igreja do Colmeal.
Sem comentários:
Enviar um comentário