06/02/2016

Estação de Comboios Saboya- Monchique


Durante muitas décadas Monchique esteve ligado a esta estação por via terrestre. Talvez por isso a mesma ostentasse na sua parede lateral a inscrição Saboya-Monchique. Havia uma carreira feita por autocarros de passageiros da empresa Castelo & Caçorino que fazia a ligação, pelo menos uma vez por dia, de todos os utentes que necessitavam deslocar-se essencialmente a Lisboa e também a outras localidades.

Era também por esta estação que a maioria das mercadorias com destino a Monchique aqui ficava retida. Depois eram transportadas por uma empresa de transporte de mercadorias, a única legalizada para este tipo de transportes no concelho, onde tinha a sua sede na Calçada de Santo António, onde era aí que as mesmas, na maioria das vezes, eram levantadas pelos seus destinatários.

Durante muitos anos além dos civis que utilizavam esta carreira eram os mancebos que marcavam presença quando iam iniciar as suas lides militares para cumprir o serviço militar obrigatório. Recebiam as guias de marcha para neste percurso ir apanhar o comboio para ir assentar praça nos vários quartéis espalhados pelo País. Depois já na qualidade de recrutas e mais tarde militares voltavam a fazer o mesmo percurso sempre que podiam vir passar o fim-de-semana a casa até serem mobilizados, na maioria das vezes, para a guerra nas províncias Ultramarinas.

Com a chegada do 25 de Abril, onde as condições de vida melhoraram substancialmente e onde passou a haver concorrência de autocarros com ligação directa a Lisboa, via Portimão, e com o fim do serviço militar obrigatório em virtude de ter acabado as guerras no ultramar, este percurso deixou de ser minimamente rentável para a empresa que o explorava, terminando assim, sem dramas, uma carreira que tantas histórias deixaram para contar a quem nela circulou tantos anos.

 
Armindo Jorge,
em

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